Caminhão de Sorvete

Na primeira vez em que a Carla e eu acordamos juntas*** rolou um papo emblemático. Fazia um sol refulgente num céu muito azul e soprava um vento fresco e reconfortante no calor abrasivo do Rio de Janeiro. Eu acordei, olhei pro teto e fiquei tentando descobrir o que tinha me acordado e o que tava me incomodando. A Carla se espreguiçou, também acordada.

- BOM DIA, LIVIOLINA!

- Oi, bom dia. Dá pra você me dizer por que tem um caminhão de sorvete passando na janela do sexto andar, caralho?

Pois é. A tal brisa maravilhosa e fresca soprava pela janela sem dó e batia num maldito sino de vento - apenas um entre as centenas que têm na casa da Andréa - e fazia um plim-plim-plim INSUPORTÁVEL àquela hora da manhã.

Você entende quem acorda cintilando de bom humor? Eu não. E nem quero entender, dá licença??


*** Sim, dormimos juntas, ok? Pode fantasiar à vontade, você não vai acreditar mesmo se eu disser que não teve interação nenhuma além de "boa noite" e "bom dia", mesmo. Mas, em todo o caso, afirmo: são quatro peitos, mas um par de cada lado, quietinhos dentro dos respectivos sutiãs. O resto é lenda.